Projeto escolar que une educação ambiental e valorização dos povos indígenas inspira mudança de nome de parque estadual em Minas Gerais

Neste mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), um projeto pedagógico desenvolvido por estudantes e professores do Colégio Santo Agostinho – Contagem se destaca como exemplo de educação transformadora. A proposta, que une consciência ambiental, cidadania ativa e resgate da história dos povos originários, deu origem ao Projeto de Lei 1.841/2023, aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no final de maio. Agora, o texto foi encaminhado para sanção do governador do Estado, prevista para acontecer ainda neste mês.

 

O PL propõe renomear a Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Estadual Fernão Dias como “APA Parque Cataguás”, em homenagem ao povo indígena que habitava a região antes da colonização. Localizado entre Contagem e Betim, o parque ocupa uma área de quase 100 hectares e abriga diversas espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção. Apesar de sua importância, sofreu por anos com abandono e falta de políticas de preservação.

 

 

Educação que ultrapassa os muros da escola

A ideia do projeto nasceu nas aulas de História em 2017, quando os alunos estudavam áreas protegidas. Desde então, turmas, a partir do 7º ano, se envolveram diretamente com o parque, realizando mutirões de limpeza, reflorestamento, revitalização da entrada, ações culturais e acompanhamento do plano de manejo.

 

“Ao adotar o parque, nós, alunas e alunos, pudemos ter experiências fundamentais para nossa formação como cidadãos. Todo o processo de revitalização, proposto por professores e apoiado pelo Colégio, e as ações realizadas permitiram que o parque fosse devolvido à comunidade e finalmente pudesse ser utilizado de novo como um ambiente de lazer e respiro no meio da cidade”, destaca a estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, da Unidade Contagem, Jordana Reis.

 

A iniciativa ganhou força ao longo dos anos, resultando na elaboração do Projeto de Lei com o apoio da deputada estadual Beatriz Cerqueira e relatoria da deputada estadual Bella Gonçalves. “Renomear o parque para Cataguás vai além de manter viva a memória dos povos Cataguases — é também uma forma de reconhecer a preservação ambiental promovida no local e valorizar o papel essencial dos povos originários na proteção da natureza. Afinal, falar de meio ambiente é, necessariamente, falar de quem o defende”, destaca a estudante.

 

Para a diretora da escola, Aparecida Debona, a proposta é exemplo de como a educação pode formar cidadãos conscientes e atuantes. “Educar é incentivar o senso de pertencimento, responsabilidade social e ambiental, bem como a participação na construção de uma sociedade mais justa e sustentável”, afirma.

 

Reparação e valorização da memória indígena

Em 2022, os estudantes aprofundaram a pesquisa sobre a história do território e descobriram que ele era originalmente ocupado pelo povo Cataguás. A partir daí, lançaram uma petição pública para rebatizar o parque, como gesto simbólico de reparação histórica e valorização dos saberes ancestrais. “A mudança do nome representa um ato de gratidão aos povos indígenas, guardiões das florestas”, explica Cida Debona.

 

A professora de História Inez Grígolo, que acompanhou todo o processo, destaca a potência educativa da experiência. “Ver os alunos se mobilizando para proteger o parque e resgatar sua história mostra a força de uma escola que forma cidadãos comprometidos com o presente e o futuro.”

 

Protagonismo jovem

Davi Barbosa, aluno do 9º ano do Colégio Santo Agostinho – Contagem, participou ativamente do projeto e representou a escola na ALMG. Para ele, a experiência foi marcante.  “Foi incrível estar na Assembleia exercendo meu papel de cidadão. Foram mais de três anos de dedicação. Ver nosso esforço resultar em um projeto de lei é uma grande conquista. Aprendemos que somos capazes de transformar ideias em ações concretas”, afirma.

 

Ecologia Integral como pilar educativo

A força desse projeto está enraizada em uma proposta pedagógica que vai além dos conteúdos tradicionais. No Colégio Santo Agostinho, a Ecologia Integral é um valor que orienta a prática educativa. Ela estrutura o currículo em três dimensões interligadas: humana, social e ambiental, formando uma comunidade escolar consciente, sensível aos desafios contemporâneos e comprometida com o bem comum.

 

“A ecologia integral não é apenas um conceito, mas um valor que orienta a nossa Instituição. Compreendemos que ela integra três dimensões fundamentais: a humana, a social e a ambiental. Na nossa proposta pedagógica, ela nos guia no compromisso de formar uma comunidade escolar consciente, capaz de enfrentar os desafios do mundo atual. E essa visão está profundamente conectada com a espiritualidade de Santo Agostinho, que inspira nossa prática educativa e nossa reflexão interior”, destaca o frei Paulo Cintra, que integra a Província Nossa Senhora da Consolação do Brasil – responsável pela  mantenedora do Colégio.

 

Foi dessa convergência entre espiritualidade, ciência e compromisso social que nasceu, em 2015, o livro Laudato Si’ e a Educação: Qual a parte nos cabe?, escrito por Aleluia Heringer, então diretora da unidade Contagem. A obra, inspirada na encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco publicada também em 2015, propõe uma nova abordagem para a educação, voltada à formação de cidadãos conscientes e responsáveis pelas transformações socioambientais urgentes.

 

Desde 2017, a proposta de Ecologia Integral que emergiu na unidade Contagem foi incorporada por toda as Unidades do Colégio Santo Agostinho e Escolas Sociais, que compõem a Rede Lius Agostinianos, ganhando corpo em projetos interdisciplinares, mutirões ecológicos, produção de guias de boas práticas e na atuação do GTEIA – Grupo de Trabalho, Envolvimento e Iniciativa Ambiental, que evoluiu para GTEIAS com a inclusão de ações sociais. Estudantes e colaboradores se tornam protagonistas de iniciativas que conectam teoria e prática, fé e ação, sala de aula e realidade.

 

A consolidação desse compromisso levou à criação, em 2021, da área de ASG (Ambiental, Social e Governança), reforçando o papel estratégico da sustentabilidade na gestão escolar. Os resultados já aparecem nos relatórios da Rede Lius Agostinianos, com dados que evidenciam avanços concretos: compostagem de mais de 33 toneladas de resíduos, reciclagem de outras 35 toneladas, plano de gestão de resíduos implementado em todas as unidades e a meta ousada de Aterro Zero até 2030.

 

“Esse conjunto de ações mostra que o Projeto de Lei para mudar o nome do Parque Cataguás não é um ato isolado, mas fruto de uma trajetória consistente de formação ética, ambiental e cidadã. Uma educação que enxerga a escola como espaço de transformação — e o mundo como sala de aula”, destaca Cida, diretora da Unidade Contagem.

 

Lorraine Souza
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